terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um filhote

Eram 22 h e eu estava na frente de casa. Distraída, olhei para uma das portas, a que sempre fica fechada. E vi um lindo filhote: era uma pequena cobra, de corpo acinzentado e com manchas, formando um bonito padrão. Cheguei perto. O Luiz olhou e já foi buscar a vassoura e um balde, dizendo: "Essa aí não é qualquer coisa". Eu não estava convencida e fiquei olhando.
Ela enrolou levemente o corpo com a cabeça erguida, prestes a dar o bote num dos insetos que voavam por perto. Reparei na fenética língua, fendida na ponta, que entrava e saía de sua boca. Em seguida, percebi que a pontinha do rabo chacoalhava rapidamente, e era mais clara que o corpo. "Um filhote de cascavel!" De tão nova, seu guizo não era ainda formado; aliás, mal podia ser visto ou ouvido.
A primeira reação foi medo, aflição, sei-lá. O Luiz trouxe o balde, e demoramos um tempo a conseguir colocá-la dentro dele. Ela se enrolou, estressada.
O balde foi mantido coberto com um pano preso por uma corda.
No dia seguinte, ele foi no nosso porta-malas até uma estradinha, e, à beira de um riachinho, nós a devolvemos ao seu hábitat.
Novamente, um pouco de medo, mas uma ótima sensação de ter sabido "respeitar" aquela tão diferente forma de vida.