quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ensaio


O mundo nem sempre se apresenta como esperamos...


O jeito é tomá-lo nas mãos...


E fazer dele algo legal!




Fotos: Ivens Yo Kawamata
Texto: Rita Narciso Kawamata
Modelo: Júlia Narciso Kawamata Piquet

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A morte da estrela

A propósito do Dia dos Mortos, gostaria de compartilhar com vocês esta imagem:


São nebulosas, em pleno espaço. Chamadas de "nuvens em expansão", elas surgem com a morte das estrelas.

Após apreciá-las por um tempo, concluí que:

- a morte, no espaço, é bela

- o ser humano deve almejar morte de estrela para si (Quem dera aqui na Terra as coisas se passassem assim! Se morrêssemos irradiando enegia luminosa e colorida, até que toda ela se dissipasse...)

- observar o macro e o microcosmo é sempre uma bela oportunidade de reflexão

- a criatividade não é privilégio do ser humano (muito pelo contrário...)

Imaginei alguns entes queridos e já idos na forma de uma nebulosa dessas. Sensação reconfortante de ser parte de um todo...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Primavera nos dentes

Após uma pequena ausência, ele voltou...

Colocando-se sob o horizonte, majestosamente, através do vidro da janela.

Íris e lírios se abriram.

E algumas tardes adquiriram um tom apocalíptico...

... bem convidativo, aliás.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O que você anda mastigando??

Você já parou para pensar que seu corpo é o resultado da comida que você anda mastigando? Que a comida é parte do seu corpo?
Eu acredito que a comida nos compõe não só materialmente (no nível de moléculas, nutrientes ou sais minerais), mas também no nível da energia. Ah, você não acredita nisso? Não precisa acreditar: é só observar!
Algumas pessoas não entendem por que temos, aqui em casa, feito de tudo para comer alimentos orgânicos. Por que, se não tem variedade? Por que, se são mais caros? Por que, se são miúdos? Muitos tabus...
Bem, eu diria, porque o alimento não é só sua "aparência": é também a energia envolvida ou mobilizada em sua produção; é sua vitalidade; é sua qualidade enquanto fruto do trabalho humano e das forças naturais.
Qual a diferença entre um milho geneticamente modificado, produzido em grande latifúndio, a custa de sementes compradas do mesmo fabricante do pesticida que deve ser usado para que ele cresça, enorme e "atraente", num processo que contamina o solo, que visa a menor perda possível e a maior produtividade, além de explorar a mão de obra usada e gerar altos lucros a poucos grandes grupos e - por outro lado - um milho produzido numa propriedade pequena, junto de outras espécies vegetais, cultivado por membros de uma família ou comunidade que acompanha seu processo, esperando o dia certo de colhê-lo para ofertar à alimentação humana, sem uso de venenos, evitando a contaminação do solo onde se planta e do lençol freático que nos abastece com água potável?? A diferença parece desprezível? Além disso, esse milho pode ser menor e oferecer maior quantidade de nutrientes que outro, convencional. (Menor tamanho e mais alimento; menos quantidade e mais nutrição.)

E o que você me diz de um maço de brócolis que, ao manipular, se revela cheio de ovinhos e pequenas larvas? Uma nojeira? Pois eu acho ótimo saber que existe vida ali, sinal de que o alimento em questão não foi "bombardeado" de agrotóxicos que podem contaminar meu organismo com metais pesados...

Aí as pessoas costumam dizer: "Ah, mas no meu dia a dia não há tempo para esse tipo de preocupação: assim vou ficar paranoico e não comer mais nada!" Bem, para quem não tem tempo de sair às compras, há iniciativas de cestas de orgânicos delivery!... Além disso, informação sobre a procedência do que comemos, cuidados com a saúde e preocupação com o ambiente não deveriam ser confundidos com "paranoia". Uma coisa é a pressão constante em que vivemos nas sociedades; outra é a reflexão, o senso crítico e o discernimento.
Atitudes que devem ser cultivadas, mas que não tem sido muito encorajadas por interesses de grandes corporações.

Sobre contaminação causada por agroquímicos:
http://www.scielo.br/pdf/pab/v35n7/1289.pdf
http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/tox.htm
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/a_dinamica_dos_agrotoxicos_no_meio_ambiente.pdf http://www.mst.org.br/sites/default/files/panfleto.agronegocio.pdf

Sobre agricultura orgânica/biodinâmica:
http://www.biodinamica.org.br/
http://www.organicosdamantiqueira.com.br/inicio.php

Orgânicos delivery
http://www.terranatural.com.br/
http://www.aboaterra.com.br/

Etc.
http://www.soniahirsch.com/
http://verdedentro.wordpress.com/
http://www.bairrodemetria.com.br/
http://www.docelimao.com.br/site/
http://www.cassiopeiaonline.com.br/pt/index.html

E para fechar com chave de ouro:



Namasté!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aos vencedores... as amoras


Instruções:

1) Use roupas confortáveis e de preferência vermelhas
2) Use sapatos de sola grossa
3) Estenda uma grande lona sobre a superfície imediatamente abaixo à copa da amoreira
4) Segurando num galho, chacoalhe!! Literalmente, vai chover amoras
5) Separe as mais bonitas, brilhantes e inteiras
6) Tinja-se de amora!! Nham, nham...


no pé


na mão


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Quase chegando...

"Aprendi com a primavera a me deixar cortar.
E a voltar sempre inteira"
(Cecília Meireles)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Flauta, pássaros e pôr do sol


Clique em "play" para ouvir

Cheguei em casa e fui regar a horta. Era fim de tarde.
De repente ouvi uma música: era flauta!
Olhei para cima e um bando de aves migratórias passou, em revoada.
A água caía sobre a terra feito chuva.
E o céu estava manchado de pôr do sol.

Pensei cá comigo: "Isso não é vida: é arte!"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Relíquia

Essa belíssima relíquia, que vocês veem abaixo, fica no meu criado-mudo.

Ela retrata um domingo, provavelmente no ano de 1980. Eu tinha uns 4 anos e estava visitando meus avós paternos.

À esquerda, minha bisavó. Ela não falava português mas assistia todo domingo ao Sílvio Santos. E tinha o costume de se exercitar: andava rápido, dando voltas ao redor da casa, elevando os braços alternadamente, dando tapinhas nas costas, com o punho fechado, para ativar a circulação (imagino eu). Eu não entedia muito bem o que ela fazia. Eu ficava sentada no sofá da sala de TV, olhando ela passar por mim uma, duas, três vezes...

Sentada, de vestido, minha obatian. Ela fazia comidas gostosas, rolinho primavera, sorvete, sushi. Ela dirigia rápido seu passat verde-abacate. Ela dava a maior importância ao embrulho dos presentes que ganhava; nunca rasgava o papel, abrindo-o com uma delicadeza que me fascinava. Ela me ensinou o amor à vida, a valorização do belo, o respeito às origens. Mas não por palavras; pelas atitudes e ações.

E o oditian, japonês de poucas palavras. Ele e seu quartinho mágico, que ficava nos fundos, onde havia pipetas, balança de pratos, cheiro de fermentação. Era o adubo orgânico que ele produzia e comercializava... E no escritório dele havia máquina de escrever, papel carbono, carimbos, grampeador. Eu passava horas brincando ali. Na brincadeira, eu era caixa de banco e secretária.

No chão, a Kame-san, ou "Dona tartaruga". Senhora de meia-idade e andar decidido. Anos depois, ela foi morar em casa e, numa de suas desventuras, mordeu o dedão da minha amiga Alessandra. Quando mudamos da casa para um apartamento, Kame-san não tinha para onde ir... Acabou sendo levada para respirar ares mais puros no litoral norte, mais precisamente em Ilhabela.
Onde andará a essas alturas a Dona Tartaruga?

Festa de trinta

Fuçando em antigos arquivos, reencontrei o convite da minha festa de 30 anos (!), feito de improviso e de forma totalmente AMADORA.
Mas não é que gostei do resultado?
Com as devidas deferências a Man Ray, autor da imagem (fotógrafo americano de vanguarda que, por coincidência, morreu alguns dias antes do meu nascimento).
Voilà!!


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A simplicidade genuína

Tenho lido alguns textos budistas, taoistas, zen. Eles me inspiram confiança no futuro da humanidade. E como são "atuais", sendo também atemporais! Verdades que não mudam de acordo com as circunstâncias.
Reproduzo abaixo um pequeno texto que li hoje, de Lao Tsé, retirado da revista Bodigaya (Porto Alegre: Ed. Bodigaya, n. 21):

"O Império governa-se por retidão. Uma guerra se conduz por astúcia.
Mas é pela não-ação que se conquista o mundo.
Como sei que isto é assim? Por isto:
Quanto mais proibições houver no mundo, mais miserável será o povo.
Quanto mais armas tiver o país, mais desordem e confusão existirão.
Quanto mais indústrias tiver o povo, mais coisas inúteis haverá.
Quanto mais leis e decretos forem publicados, mais ladrões e corruptos haverá.
Por isso o sábio, sem obrar, ensina que as pessoas evoluam por si mesmas.
Sem violência, as pessoas por si mesmas encontrarão a paz. Sem interferir nos negócios, o povo prosperará por si mesmo. Sem desejos, as pessoas por si mesmas encontrarão a simplicidade"

Detalhe: esse texto foi concebido no século VI antes de Cristo... Incrível, não?


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aos canhotos!

Ontem foi o Dia do Canhoto! Data que comemoramos em grande estilo, tomando chá preto inglês em finas xícaras de porcelana.
A história toda começou quando, visitando minha vizinha, comentei sobre o maravilhoso chá importado que tinha em casa. E surgiu a vontade de saboreá-lo. "Amanhã é Dia do Canhoto", alguém lembrou. Fechado: vamos bebemorar aos canhotos! (Isso com todo respeito a eles, que, aliás, eu muito admiro...)
A movimentação começou pouco antes das seis da tarde: abri a cristaleira e escolhi as três xícaras de porcelana casca de ovo, japonesas, que foram da minha avó.
Chegando lá, a mesma coisa: a busca pelas xícaras de avós e bisavós... Bules e leiteira também. E histórias do passado que vêm à tona.
Estendeu-se a toalha sobre a mesa, a louça, guardanapos, açucareiro... Todos sentados: quatro mulheres, duas pré-adolescentes, um distinto representante do sexo masculino.
E o que era para ser chá das cinco acabou somente às 9 da noite! Reunião pra lá de boa, com prosa gostosa, antigas histórias, risadas. Uma deliciosa convivência entre vizinhos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mim parler português

Nessas férias, estivemos no Piauí e Maranhão, pela primeira vez.



As inscrições rupestres do Parque Nacional de Sete Cidades, o delta do rio Parnaíba, as dunas dos Lençóis, as lindas lagoas, de águas azuis esverdeadas... A simpática Alcântara, dos guarás-vermelho. Vimos tudo isso.




Mas não foi só isso: vimos também a miséria de muitos lugares, o problema do lixo jogado em praias, dunas, rios; esperamos o atraso de ônibus; presenciamos discussões entre passageiros e briga de mulheres; tomamos sorvete de máquina e jogamos tiro ao alvo; dormimos na casa de nativos.

Ou seja, não vivemos só a "realidade construída para o turista", mas a realidade como ela é. Essa foi a parte mais rica da viagem.

E conhecemos gente muito bacana, por isso quis fazer essa pequena lista de homenagens:

- Ao casal Antônio e Anne, que nos deu preciosas dicas, em Parnaíba
- Ao Bar do Cascatinha, que serve o melhor e mais barato PF de Parnaíba
- Ao inesquecível sorvete de castanha da Sorveteria Araújo, em Parnaíba
- A seu Nazareno, que nos acolheu em sua casa, em Paulino Neves
- A seu Pedro e dona Maria, que servem a melhor comida de Atins
- A Benedito, guia que conhecemos em Atins
- A dona Zezé e seu Alcides, que nos ofereceram pernoite em Barreirinhas (além da deliciosa tapioca)
- A Zezinho, pescador e guia que nos serviu água de coco em sua casa, em Santo Amaro
- A Conceição, da pousada Água Doce, em Santo Amaro
- A Zinha, e sua pousada totalmente original, em Alcântara
- A Marlene, da Pousada dos Guarás, em Alcântara: a simpatia em pessoa!

- Etc.


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quando a garganta dói

Amanheci doente: dor de cabeça, de garganta, de corpo...
Após o café, sozinha em casa, perambulei um pouco à procura de não sei o quê. E vejam o que encontrei:

Ziggy e Laica dormindo no sofá




Ziggy e Laica acordando no sofá




Laica mordendo minha mão




Um pássaro na cozinha, entre as louças


As flores da minha avó...




... que florescem todos os anos, há duas décadas



A vista embaçada da janela



Lá fora, a vista límpida, numa manhã gelada


Um poema

Buscar o inusitado neste dia:

mirar o espelho com outros olhos,

tirar do beijo um gosto,

colher, na maçã do rosto,

néctar de fruta.

domingo, 22 de março de 2009

Chovendo na roseira

Após uma breve chuva, que gostoso o cheiro de mato molhado! Cheguei perto da roseira para contemplar os botões e as flores já abertas.

Chegando mais e mais perto, pude descobrir, além das gotas d'água que refrescavam as pétalas cor-de-rosa, outras formas de vida.

E concluí que a roseira, com as margaridas ali ao lado, é um ecossistema...

... onde uma lagarta coloridíssima pode se alimentar, presa ao caule como um bebê à sua mamadeira.

... onde ocorrem encontros românticos.

... e onde há uma sombrinha ideal para um cochilo pós-almoço.

terça-feira, 10 de março de 2009

Tornando-se mulher

O Dia Internacional das Mulheres já passou, mas faço agora minha homenagem. Aliás, essa data assumiu importância maior para mim há dois anos, quando minha mãe faleceu, no dia 8 de março. Nesse mesmo dia, ganhei de "brinde" num posto de gasolina uma camiseta com a mensagem: "Não nascemos mulheres, nos tornamos mulheres". E isso fez todo o sentido pra mim. Naquele dia, perdi uma mulher importante na minha vida, mas conquistei mais uma "porção" de outra grande mulher: eu mesma.

E, num processo de resgate do feminino, vim para a Demétria, um lugar especial, onde vivem mulheres especiais. Mulheres inteligentes, diferentes entre si, donas de si, verdadeiras. Elas não cobrem os cabelos brancos e tem um sorriso tão jovial; não usam scarpin mas são tão femininas... Por quê? Por que estão em contato com a terra-mãe, aquela que dá vida a flores e frutos? Por que vivem sem tantas "muletas", mercadorias criadas para o consumo e o descarte? Por que estão mais próximas de sua essência, o que traz aconchego e tranquilidade?... Há uma lista enorme a ser feita, e cada uma deve ter um item a mais para aumentá-la.

Mulheres da Demétria, uma homenagem a nós!




sexta-feira, 6 de março de 2009

Pores-do-sol que valem ouro

Acho que já falei pra todo mundo da vista privilegiada que tenho em casa, de um horizonte longínquo onde o sol se põe. Bem, esta é a primeira vez na vida que passo por tal situação: poder ver, a cada dia, um novo pôr-do-sol, bem ali, na minha frente, entrando pelas janelas da sala, se mostrando com todas as cores (que nenhuma fotografia pode reproduzir)...




Nenhum é igual ao outro: a natureza possui um repertório infinito de combinações. São nuvens, tons e semi-tons, névoas, brilhos intensos, refrações... E, para melhorar, a cena muda a cada minuto! Não há como se entediar. Você desgruda os olhos e na volta já encontra uma nova prosopopéia.
Não existe feiúra nesse mundo que fica entre o maravilhoso, o sonho e o que não é assimilável pelos sentidos humanos. Sim, porque ali é tudo muito grande, luminoso e intenso.
Eu assimilo muito pouco. Eu presencio, apenas. E fico perplexa, muda, feliz.

O vôo das aranhas

Vivendo no campo, é preciso conviver e "dividir o espaço" com os bichos. Aranhas, há muitas, dentro e fora de casa, solitárias ou em grupos. O mais belo de tudo isso são as "teias coletivas", "condomínios" que elas constroem entre as árvores, muitas vezes de um lado a outro do caminho, obstruindo-o.
Outro dia, saindo de casa, tive de voltar, pois uma "cortina de aranhas" se formou na rua, tomando-a de um lado a outro. No começo, fiquei desorientada. Depois, pus-me a observar sua engenhosidade, a agilidade tecendo fios que, com o sol, pareciam de ouro! Olhando para cima, vi que elas vinham do alto, muito alto... Pareciam voar, em contraste com o céu azul... Fiquei um tempo apreciando aquele balé de muitas pernas, até que resolvi buscar a câmera.
Segue o ensaio fotográfico que batizei de "O vôo das aranhas":